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Depois de amanhãcover

O isolamento mudará a forma como nos relacionamos amorosa e sexualmente?

GABRIELLE ESTEVANS

 

É um fato: o distanciamento social tem impactado nossas relações amorosas e familiares.

 

Fisicamente afastados, entregamo-nos às redes sociais para ficar por dentro novidades dos conhecidos que antes sabíamos ao encontrá-los na rua.

 

Agora, as sextas, vamos a festas online e dançamos na sala sozinhas e sozinhos.

 

O cinema de domingo foi substituído por que permite que todo mundo veja filme juntos — só que separados.

 

Quem se isolou com o crush continua transando (e esperamos que com os ), quem não deu essa sorte recorre ao sexting, às ligações em vídeo, e até ao amor por telepatia cantado por Rita Lee.

 
 
 
 

E se a ausência do corpo é um dos desafios dessa quarentena, a presença física também traz seus contratempos.

 

Em entrevista ao , sobre amor, a historiadora norte-americana Stephanie Coontz diz que até mesmo os casais compatíveis podem passar por seus perrengues: “Não só por causa dessa aproximação forçada e do afastamento de todo o resto, mas também pela tensão por motivos financeiros. Pesquisadores descobriram que o estresse econômico crônico e a insegurança são ótimos para prever negatividade entre parceiros”.

 

 

Como qualquer projeção futurística, é difícil saber em que pé estaremos quando tudo isso melhorar.

 

Mas desenhar alguns cenários possíveis pode ser um exercício benéfico. E se é bem provável que enquanto alguns casamentos passarão por maus momentos, outros sairão fortalecidos da situação, . “Quanto mais entendermos que a tensão está na situação, não em nosso parceiro, melhor nos daremos. É uma chance de lembrar que estamos juntos nisso e devemos apoiar aqueles que estão ainda mais mergulhados nessa situação, que estão realmente lutando. Quanto mais prestamos ou demonstramos esse apoio a outras pessoas, mais melhoramos nossa moral e fortalecemos nossos relacionamentos. Este não é apenas um desejo de piedade: pesquisadores mostram que a sensação de bem-estar das pessoas (e também seu bem-estar fisiológico) melhora quando dão algo aos outros ou fazem algo pelos outros. Se existe um tempo para colocar isso em prática, esse tempo é agora”, explica.

 

 

 

Erotismo na ausência do corpo

 

O erotismo continua existindo, mesmo na ausência do corpo. Dá-se pelo virtual (ou do latim virtuale, que tem potência como significado, ou da interpretação informática, que pressupõe inexistência física, mas que se faz aparecer por meio de softwares), como lembrou o psicanalista e filósofo Sérgio Máscoli, em debate sobre o erotismo na ausência do corpo e sobre o uso de aplicativos de encontro — evento realizado em abril deste ano, pelo Centro de Estudos Psicanalíticos (CEP). Para Máscoli, as telas funcionariam como o espelho d’água de Narciso, a brincar com alucinações da imagem (dos outros e também a própria).

 

Assim como o homem modifica e é modificado pela internet, as telas podem alterar a consciência — e as dinâmicas do erotismo. Abre-se parênteses: erotismo não é sinônimo de sexo e, inclusive há sexo sem erotismo (os pornôs clássicos que conhecemos estão aí para comprovar o ponto). “Erotismo é a recusa de nos fecharmos em nós mesmos. É a excitação que alimenta nossa vontade de seguir adiante”, explica a psicanalista Cláudia Mazur Lopes, autora da tese “ 

 

Uma investigação sobre o uso de aplicativos de encontro por mulheres e seus ideais”. Também durante o debate do CEP, Lopes cita Lacan para defender que o sujeito reconhece seu corpo pelo olhar do outro. É aí que habita a expectativa do encontro. No presencial, o mais íntimo escapa. Estamos frente a frente com o que há além do “me edita que eu gosto” tão vívido pela internet afora. É através de dados sensíveis emitidos na reunião de carne e osso que apreendemos o outro. Pode haver, portanto, erotismo na ausência do corpo — mas parece não ser o suficiente.

 

 

Como sairemos e como performaremos após o isolamento ainda é uma incógnita. Mas talvez seja um caminho entender como nossa psique se forma e age, para compreendermos, ali na frente, com que tipos de mudanças teremos de lidar, quais outras gostaríamos de contornar e em quais poderíamos investir a fim de nutri-las e colher suas benesses.

 

 

Entre as incertezas, uma evidência: nossa natureza social não mudará
Pelo menos é o que afirma o historiador israelense Yuval Noah Harari. Em  Brasil, o autor de Sapiens: uma breve história da humanidade, diz que, independente dos resultados de nossas escolhas, seguiremos como animais sociais: “Acredito que quando a crise acabar, as pessoas sentirão ainda mais a necessidade de estabelecer vínculos sociais. Não creio que possa haver uma mudança fundamental na natureza humana”.

 

Então é isso. Continuaremos amando, flertando, transando, terminando, recomeçando, casando, separando, voltando, dando um tempo, caindo em ciladas, vivendo experiências e experienciando aventuras.

 

Muita coisa mudará, não há dúvida, mas seguiremos humanos, demasiadamente humanos — e sociais. Nenhum homem ou mulher é uma ilha, embora, agora, estejamos todos um pouquinho arquipélagos.

 
GABRIELLE ESTEVANS

Jornalista, escreve sobre gênero, cultura e política. Também trabalha com pesquisa, planejamento estratégico e projetos com propósito e impacto social.

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