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Para você começar a sentir prazer também com a leituracover

Curadoria de livros eróticos para você começar a sentir prazer também com a leitura

ORELHA LIVROS

 

VISCERAL 


(...)


tome meus versos

minhas vísceras

devore-os


com toda a libido.


Lucia Santos em Nu frontal com tarja


 

No estudo seminal de Jean-Marie Goulemot sobre a leitura e os leitores de livros pornográficos do século XVIII, cunhou-se a ideia dos livros que se lêem como uma só mão.

 

Em alusão ao comentário de um jovem leitor da época, é preciso desconfiar dos livros de formato pequeno: contêm textos políticos (subversivos) ou “filosóficos” (pornográficos). a preocupação de Goulemot não é tanto com o que fazemos com a mão desocupada, e sim em como nos relacionamos com o livro enquanto objeto.

 

A relação corpórea que estabelecemos com e a partir dele, seja na forma como nos colocamos no momento da leitura, seja a partir das sensações físicas evocadas pela narrativa.

 

Relação essa que é, sobretudo, íntima. Quando lemos, imergimos em um universo solitário. Estamos em nossa própria companhia, numa tessitura silenciosa de si.

 

Sentimos o corpo roçado pelas palavras alheias; é a nós a quem o texto dirige sua língua.

 

Assim como a leitura é um atividade íntima, a descoberta do prazer também — apenas quando nos implicamos na ação atingimos o gozo.

 

E se nossa sexualidade tem como ingrediente fundamental a imaginação, teria mecanismo mais excitante para aguçá-la do que a literatura? 

 

Nem todos os livros aqui reunidos podem ser lidos com uma só mão, mas garanto que são fontes inesgotáveis de prazer.

 

Objetos-fetiche em que se mergulha, devora, de novo e de novo. afinal, leitura é ato de fruição — é contato, prazer e gozo. 

 

 

 

 

 

 

 

> O olho de Lilith - Antologia erótica de poetas cearenses, org. Mika Andrade 

 

III

 

lambuza-te co’ meu sumo

sorva todo o líquido

meu gozo é seiva

de um fruto permitido

 

As querências de Lilith, de Mika Andrade

 

 

Você deve ser familiarizado com o mito bíblico de Adão e Eva — a costela, a fruta proibida, o Jardim de Éden etc e tal.

 

O que nem tanto se sabe é de uma outra personagem intimamente ligada à mitologia da origem de mundo, cujo arquétipo remonta ao desenvolvimento da consciência coletiva sobre o papel da mulher.

 

Em Gênese, Eva é a primeira mulher a cometer um ato de transgressão. Possuída por forças demoníacas, é impelida a seduzir o homem.

 

Essa força tem como representante Lilith — espírito do vento, ninfa-vampira. Se, por um lado, Eva acaba por se tornar modelo social da moça bela, recatada e do lar, Lilith é liberdade, desejo, tesão. Na Mesopotâmia, ficou conhecida como o demônio noturno que visitava homens e mulheres em suas noites de sono, provocando-lhes sonhos eróticos e orgasmos desmedidos.

 

Quem não gostaria de receber uma visita de Lilith na calada da noite?

 

Nessa orgia poética, temos Lilith como anfitriã. É ela quem nos conduz por caminhos sinuosos de peitos, bocas e vulvas, na companhia de 11 poetas cearenses cujos textos estão reunidos neste livro.

 

Organizado por Mika Andrade e com curadoria de Jarid Arraes, foi publicado em 2019 pelo selo Ferina, da Pólen Livros, cujo intuito é visibilizar publicações feitas por mulheres, enfatizando a diversidade de escritoras do país.

 

O Olho de Lilith é revolução: vozes plurivalentes de jovens escritoras que tomaram para si a tarefa de contar (e tocar!) o corpo feminino. Um livro que é gozo puro, mulher-mergulho.

 

 

 

 

> Pretumel de chama e gozo - Antologia da poesia negro-brasileira erótica, org. Cuti & Akins Kintê

 

“Como nos vemos? Nos amamos? Nos relacionamos? Nos desejamos?” é desses questionamentos, nas palavras de Akins Kintê, que nasce Pretumel de chama e gozo, livro que reúne poemas de 40 artistas, mulheres e homens, a partir do entrecruzamento entre o erotismo e a identidade negro-brasileira.

 

Em entrevista, Kintê, um dos organizadores da antologia, afirma que a iniciativa desdobra-se de um movimento maior de reconhecimento e emancipação dos corpos negros — corpos que desejam, amam, gozam, vivem em autonomia.

 

 

Kintê relembra que, no Brasil, existe uma literatura que perpassa o tema do erotismo e da sexualidade sob a perspectiva da identidade negra — como os textos do incrível Solano Trindade ou a série ‘Cadernos Negros’, publicada em 1978 e que deu origem ao grupo Quilombhoje. (dentre os poemas eróticos que integram o ‘Cadernos Negros’, vale mencionar ‘Ejacoração’, de Jamu Minka e ‘Mar Glu-Glu’, de Cuti, também organizador de Pretumel de chama e gozo.) em 2011, o próprio Kintê publicou, junto de Nina Silva, InCorPoros - Nuances de Libido.

 

Pretumel é fruto do desejo de reunir esse material em uma publicação única, construída a partir de diferentes vozes. 

 

Além dos poemas, o livro conta com dois textos de fechamento: “Biografia do prazer” reúne breves considerações dos autores sobre o prazer sexual; “Conversa como posfácio” apresenta um diálogo entre os organizadores sobre a questão racial no Brasil e a importância de se erradicar a visão estigmatizada e preconceituosa sobre corpos negros e o direito ao prazer e ao amor.

 

Pretumel de chama e gozo leva a discussão sobre prazer e sexualidade a um outro patamar: seus escritos são o testemunho da liberdade, da reflexão sobre o belo, do reconhecimento como ser (auto-)desejado. aqui, o erótico é, em sua totalidade, político.

 

 

 

 

> Pornô Chic, de Hilda Hilst

 

Porque há desejo em mim, é tudo cintilância.

Antes, o cotidiano era um pensar alturas

Buscando Aquele Outro decantado

Surdo à minha humana ladradura.

Visgo e suor, pois nunca se faziam.

Hoje, de carne e osso, laborioso, lascivo

Tomas-me o corpo. E que descanso me dás

Depois das lidas. Sonhei penhascos

Quando havia o jardim aqui ao lado.

Pensei subidas onde não havia rastros.

Extasiada, fodo contigo

Ao invés de ganir diante do Nada.

 

(...)

 

Hilda Hilst em Do desejo

 

 

Não poderia ficar de fora desse apanhado a escritora que soube falar de metafísica à putaria como ninguém.

 

Hilda foi poeta, cronista, dramaturga, artista visual. Uma das maiores escritoras brasileiras, de personalidade primorosa.

 

Embora seus escritos de teor pornográfico tenham causado furor na época da publicação, o erotismo, a escatologia e o humor desconcertante sempre perfizeram sua obra.

 

Em 1990, o mergulho foi mais profundo: Hilda publica O Caderno Rosa de Lori Lamby, que apresenta as descobertas sexuais da personagem-narradora, uma menina de oito anos.

 

Na ocasião do lançamento, em uma entrevista à TV Cultura, Hilda afirma que este não é um livro — é uma banana, endereçada ao mercado editorial. “durante 40 anos trabalhei com um excesso de seriedade, de lucidez, e não aconteceu absolutamente nada. (...) agora as pessoas precisam ser acordadas.” Acordadas para o quê? Arrisco dizer que a resposta pode estar no livro de capa cor de rosa, Pornô Chic. 

 

Além de Lori Lamby, o volume reúne Contos d’escárnio – textos grotescos, Cartas de um Sedutor e o livro de poemas Bufólicas, que desdobram-se entre ilustrações de artistas como Millôr Fernandes, Laura Teixeira e Veridiana Scarpelli.

 

Um livro para se comer com olhos & mãos. Embora o Caderno de Lori apresente uma abordagem mais humorística e desconcertante, o restante dos textos que integram a coletânea revelam a potência de Hilda em excursionar por regiões sinuosas do prazer da carne, do sexo e do sensível.

 

Nas palavras dela: “a sexualidade pode ser adorável, perversa ou divertida, mas eu acho que o ato de pensar excita muito mais do que uma simples relação sexual. A mim pelo menos, há muitos anos é assim.” 

 

 

 

 

> O amor natural, de Carlos Drummond de Andrade

 

Sugar e ser sugado pelo amor

 

Sugar e ser sugado pelo amor

no mesmo instante boca milvalente

o corpo dois em um o gozo pleno

que não pertence a mim nem te pertence

um gozo de fusão difusa transfusão

o lamber o chupar e ser chupado

no mesmo espasmo

é tudo boca boca boca boca

sessenta e nove vezes boquilíngua.

 

 

Drummond é reconhecidamente um dos grandes poetas brasileiros; não só — também foi um prosador e tanto, escrevendo centenas de crônicas.

 

O escritor interiorano, embora tímido que só ele, traz em sua escrita uma densa carga emocional. Temas como a família e a perda são recorrentes em sua obra.

 

Em 1992, cinco anos após sua morte, se descobriu que o poeta itabirano também era primoroso nas safadezas literárias.

 

Embora o erotismo perfizesse alguns de seus escritos aqui e ali, timidamente — seja em temas de causos amorosos ou em tom de poesia-piada —, O amor natural apresenta uma face ousada do escritor.

 

Os poemas que integram o livro foram guardados por Drummond para publicação póstuma, em razão da timidez ou de uma possível retaliação por parte do público, de certo.

 

Alguns críticos consideram a qualidade dos poemas bastante questionável, sustentado a opinião de que eles se aproximam mais do pornográfico do que do erótico.

 

Para fins de prazer & deleite, não precisamos nos enveredar em discussões conceituais-terminológicas.

 

Fato é que Drummond sabe brincar sem meias palavras, embora sua poesia seja heteronormativa demais pro meu gosto. 

 

 

 

 

 

> Versos pornográficos, de Chico César**

 

 

Se para alguns, em Drummond, é necessário sublinhar o limítrofe entre o erótico e o pornográfico, em Chico César essa distinção é tida como puramente burguesa.

 

Embora as palavras tenham raízes etimológicas diferentes, parece não existir uma definição clara para distinguir os sentidos de ambas.

 

O erótico parece a versão mais limpinha do pornográfico — condenado, visto pela prisma da vulgaridade.

 

Alain Robbe-Grillet disse que “a pornografia é o erotismo dos outros”. Dos outros em nós. É a diluição da persona em prol do prazer em/através de si.

 

Dito isso, os poemas que integram esse livro são escandalosamente pornográficos. Escrito pelo paraibano Chico César, já bem conhecido pela sua trajetória na música, foi publicado em 2015 e conta com ilustrações da artista húngara Sári Szántó. 

 

No prólogo, Chico deixa claro suas intenções e a quem seus versos se endereçam: cara leitora / imagino-te lendo o que escrevo (...). enunciação essa que nos remete aos antigos folhetins destinados às “damas de classe entediadas”.

 

O próprio objeto-livro brinca com essa alusão. A capa, que estampa a grafia ao melhor estilo rococó, combinada à cor vermelho-sangue, alude ao teor proibido do conteúdo que se apresenta no folhear das páginas.

 

De verso em verso, Chico aproxima o ato de falar ao ato fálico, à luz da afirmativa de que, sim, “a putaria é linguística (em todos os sentidos)”.

 

Esse é um livro pequeno, de 45 páginas, para se devorar numa sentada. desses mesmo que se lêem com uma só mão, ao melhor estilo de Jean-Marie Goulemot. 

 

 

vou te escrever

um livro rapidinho

mas depois

quero lê-lo

lentamente

entre suas pernas abertas

molhando os dedos para virar as páginas

 

imagina meu amor imagina

ir molhando a língua e a linguagem

e os dedos na vagina

lentamente e depois mais rápido

até que você termina

derrama em minhas páginas

sua fonte feminina

 

 

Mais do que um apanhado de dicas de leituras molhadas, esse texto é um convite.

 

A literatura, sobretudo a erótica, com suas imagens infinitas, é a invocação própria do exercício imaginativo do prazer, fruição em forma bruta.

 

Se perca, passeie devagar os olhos por cada linha, experimente ler os textos em voz alta (a poesia pede).

 

Sinta a sua língua roçar a língua de Luís de Camões, como cantou Caetano, bebê.

 
ORELHA LIVROS

Sofia Perseu: museóloga em formação, trabalha com gestão cultural e patrimônio. além de incursionar pela arte educação, é idealizadora do Orelha, onde pesquisa e escreve sobre literatura e sua relação com a vida.

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