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ERÓTICO: um manancial de força negado às mulheres, segundo Audre Lordecover

ERÓTICO: um manancial de força negado às mulheres, segundo Audre Lorde

GABRIELLE ESTEVANS

 

Eis um fato: somos diariamente castradas. Se há, no erótico, uma fonte de informação e poder, certamente haverá, na equação, o vetor de uma força patriarcal com o intuito de corromper ou distorcer a nascente feminina do desejo. A escritora caribenha-americana Audre Lorde sabia disso. Feminista, negra e lésbica, dedicou sua vida a pensar mulheres e a defender ferrenhamente os direitos civis. Uma das pioneiras na utilização do conceito de interseccionalidade — levando em conta principalmente as diferenças de raça e classe —, debruçou-se, em seus escritos, nas variadas opressões que mulheres de diferentes condições vivem. É ela quem nos lembra que são os homens a nos dizer que há, no erótico, certa superficialidade. Que se queremos ser fortes, precisamos suprimir tal recurso. 


Lorde nos sussurra ao pé do ouvido que esse fervor, essa ânsia, esse arrebatamento é um poder profundo e irracional. Não é, como querem que acreditemos, uma sensação confusa, trivial, psicótica e plastificada. Considerar o erótico que faz morada em nós e explorá-lo é, portanto, uma forma de pegar, de novo, das mãos masculinas, o que nos é de direito. 


“O erótico é um lugar entre a incipiente consciência de nosso próprio ser e o caos de nossos sentimentos mais fortes. É um senso íntimo de satisfação ao qual, uma vez que o tenhamos vivido, sabemos que podemos almejar. Porque uma vez tendo vivido a completude dessa profundidade de sentimento e reconhecido seu poder, não podemos, por nossa honra e respeito próprio, exigir menos que isso de nós mesmas.” 


Em seu belíssimo e afiado artigo Os usos do erótico: o erótico como poder, Lorde costura com precisão a narrativa que nos faz compreender por que é tão essencial que, aos olhos sempre atentos do patriarcado, separemos, nós mulheres, a demanda erótica das demais áreas vitais de nossa existência. “A negligência às satisfações e fundamentos eróticos de nossa práxis se traduz em desafeto por grande parte do que fazemos. Por exemplo, quantas vezes amamos de verdade nosso trabalho até mesmo quando temos dificuldades nele?”, questiona. Trancafiar e relegar o erótico ao quarto de dormir é uma forma de fazer secar em nós a fonte poderosa que faz jorrar o tesão e a energia que podem inundar todos os cômodos, todas as searas, todas as áreas da vivência humana. 


“Essa auto-conexão compartilhada é um indicador do gozo que me sei capaz de sentir, um lembrete de minha capacidade de sentimento. E essa sabedoria profunda e insubstituível da minha capacidade ao gozo me põe frente à demanda de que eu viva toda a vida sabendo que essa satisfação é possível, e não precisa ser chamada de casamento, nem deus, nem vida após a morte.”



Há, na sabedoria erótica, um contrato responsável e carinhoso em que firmamos conosco mesmas o compromisso de não aceitar menos do que a completude. Há, na sabedoria erótica, a energia necessária para que façamos as mudanças genuínas que queremos no mundo. Mulheres empoderadas são perigosas. Mulheres que entendem o erótico como uma declaração da energia criativa fortalecida são ainda mais atrevidas. Porque eis, aqui, mais um fato: a cada vez que uma mulher se entende com seu prazer, com seu gozo, com sua fé no sutil dos sentires, com a potência que há na satisfação, é exatamente aí que ela se transforma num coquetel molotov pronto a explodir e causar rachaduras na estrutura opressora patriarcal. Você também está ouvindo os gritos de prazer com o barulho da queda?

 
GABRIELLE ESTEVANS

Jornalista, escreve sobre gênero, cultura e política. Também trabalha com pesquisa, planejamento estratégico e projetos com propósito e impacto social.

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